De frente com o armário e o que aprendi com biografias.
Curamoria #5 - Hoje vou conectar o "De frente com Gabi" com uma biografia LGBTQIA+.
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Eu assisti a muitas entrevistas feitas pela Marília Gabriela no “De Frente com Gabi”. Eu admiro o jeito como a Gabi usa as palavras e a sua intimidade com elas. Não me considero um fã — me falta conhecimento aprofundado para isso —, mas sempre que via o programa no ar, eu queria parar para assistir às entrevistas.
Aí, eu pensei que seria legal listar esses motivos aqui. Acho que eles são meio que uma coisa só, mas quis fazer este exercício para ver no que dá. (Tem uma pitada generosa do publicitário e da psicologia do espectador aqui. Conteúdos que existem em mim e que fazem parte da minha nuvem de palavras pessoal.)
Pra começar, gosto da entrevista porque aprendo como me livrar de situações indesejadas que, hipoteticamente, podem acontecer comigo no futuro. É como um grande ensaio de probabilidades em que aquela possibilidade pode se manifestar.
Me sinto um colecionador de soluções de situações boas ou ruins que aconteceram na história do outro. E esse banco de situações fica ali no meu HD. A partir desse material, posso construir alternativas para mim ou para os outros.
Existe uma poesia intrínseca presente na história do outro. A entrevista traz um aspecto biográfico rico, cheio de floreios perfumados e, também, sabores amargos. Tem uma beleza estética nas histórias de cada um — por onde passou, o que fez da vida. É bonito de imaginar.
Aprofundando um pouco mais. Ouvir ou ler biografias de outras pessoas abre fissuras na minha armadura. A pessoa fala das imperfeições dela e eu vou me identificando. Como se fosse brotando um riachinho de identificação e autoperdão que vai abrindo caminho na carapaça que utilizo para me autoproteger. Floresce compreensão nesse espaço, e frutos podem surgir a partir do substrato enriquecido com as minhas imperfeições.
Vemos que o outro também fracassa. É maravilhoso e libertador saber que o outro também fracassa — categoricamente como nós. Nem sempre o convidado se mostra tanto. Aí está a qualidade do entrevistador de dar o tom e estabelecer uma sintonia acolhedora entre o entrevistado e o espectador. A Gabi conseguia promover esse espaço seguro, mesmo diante das câmeras. E as pessoas se sentiam aliviadas de se soltarem das suas máscaras.
A Gabi tinha uma capacidade cirúrgica, nas entrevistas, de acessar conteúdos praticamente proibidos dentro das pessoas. Ela tinha uma habilidade rara que abria caminho para a pessoa se revelar mais. Gabi tinha, também, um jeito muito irreverente de apresentar as pessoas. Informava, nos textos de abertura, inúmeras qualidades do convidado ou convidada.
Penso que esse interesse em aprender com a história dos outros é um sintoma da minha facilidade em me conectar com a dor do outro. Não acho que isso seja só meu; muitas pessoas buscam as histórias biográficas com esse objetivo de aprender. No meu caso, isso é, até hoje, uma busca minha. Estou sempre aprendendo com as vivências das pessoas. Hoje, gosto muito de assistir aos podcasts.
Acredito que utilizo muito dessa habilidade para desenvolver o meu trabalho como terapeuta vibracional. Sempre estive mais nesse lugar do observador. Sempre me pareceu mais confortável e também o lugar mais propício para aprender sobre o relacionamento humano.
Colecionar esses recursos internos enriqueceu o meu repertório e aumentou o meu calibre emocional. Essa é uma percepção que tenho depois de fazer alguns anos de terapia. Foram partes que fui integrando com o tempo.
Antes de encerrar, quero trazer uma biografia que chegou até mim em um momento importante da minha trajetória. Foi muito sincrônico encontrá-la.
A biografia do Ricky Martin chegou na minha vida em um momento importante. Foi um espelho onde eu me vi melhor. Ajudou-me a me assumir mais como um homem gay. Enquanto ele contava a trajetória dele, eu fui analisando a minha. Claro, ele é um artista conhecido em todo o mundo. Eu preciso guardar as devidas proporções. Somos muito diferentes, mas a dor é a mesma, e o livro me parece uma fotografia fiel que permite ver a minha dor espelhada ali.
Foi um livro importante, e até hoje ele está ali na minha estante.
A Curamoria #5 é uma pequena homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQIA+, que ocorreu no último dia 28 de junho.
Larguei aqui e corri, responda se for capaz:
A cada 10 livros que você leu quantos foram biografias? Responda nos comentários de zero a 10 e diga pelo menos uma biografia que foi importante para você.
Eu vejo você,
até logo.
Thiago, do oCândido.Lab
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